a rua é da gente

a rua é da gente

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

As penas dos pavões voaram na Pauliceia Desvairada




Pessoal, As penas dos pavões voaram na Pauliceia Desvairada é o primeiro de uma série de posts sobre dois temas:  Movimento de Combate à Corrupção e drogas. Entrevistei 30 pessoas para produzir essas matérias, entre amigos do face, de diversas profissões, médicos e cientistas. Pode-se dizer que esse post inicial é um briefing geral, recheado de questões, que vão ser exploradas e, em alguns casos, comprovadas em publicações posteriores.Essa série começa hoje e termina na terça, dia 11 de setembro. Espero que vocês gostem. Muito obrigada, bjs, Eloisa.  


     Se você ainda não sabe fique sabendo:boa parte das lideranças dos grupos anticorrupção de São Paulo vive em um pé de guerra no espaço virtual de fazer corar marqueteiro de campanha eleitoral. Munidas de invejável artilharia, elas trocaram tantas farpas, ofensas e acusações nas redes sociais nos últimos 10 meses que conseguiram rachar de vez o movimento de combate à corrupção nessa cidade.
   Como resultado, essa cisão vai render três manifestações nessa semana. O grupo Dia do Basta, assim como o Nasruas, em dobradinha com Revoltados Online e demais agregados, apostam nas mesmas marchas de sempre para levar uma multidão pra rua.
  O Mudanças Já, por sua vez, uniu-se ao Nova Política, Queremos Ética e Quero o Fim da Corrupção para promover um protesto inovador e diferenciado em frente ao MASP, amanhã, às 17 horas, que pretende parar à avenida Paulista
    Nem é preciso ter bola de cristal para saber que o desafio de abarrotar à avenida de gente está à altura de quem se propôs pôr  fim a essa prática criminosa. Ainda mais quando se lembra que, meses atrás,a Pauliceia Desvairada mostrou que estava mais animada em lutar para acender um baseado sem ser enquadrada pelos agentes da lei do que acabar com a farra dos larapios que embolsam a nossa grana.
   Prova disso é que, em abril, a marcha da maconha atraiu 1.700 manifestantes contra 800 da marcha de combate à corrupção, segundo cálculos da PM, e, mais recentemente, a vigília do mensalão, em 7 de agosto, contou com cerca de vinte gatos pingados nas primeiras horas. Isso aconteceu por motivos que dariam para encher um rosário e culminaram com o racha do movimento.
   A falta de charme dos protestos anticorrupção foi um entre outros a inibir os ânimos, em especial, dos jovens a tomar às ruas em peso, para cortar as asinhas dos marajás tupiniquins. Que desviam nada menos que 85 bilhões dos cofres públicos para incrementar o patrimônio pessoal e financiar campanhas eleitorais.
  " Na marcha da corrupção, tem " gente feia, gorda, cheia de razão e chata". Acha que vai mudar o mundo, mas não consegue nada. Já, na da maconha, tem gente bonita, sexy e descolada que sai de lá e vai para a balada", diz Henrique Peer, um dos três secretários-gerais do Partido Pirata, e completa: " De um jeito alegre e transgressor, eles mostram que a repressão deve ser contra os corruptos e não contra os usuários da erva".
    Soma-se a isso, destaca Peer, a combinação de dois fatores que disparam o gatilho da descrença e indiferença da população: a convicção de que corrupto não vai preso aliada a percepção de que a corrupção é algo distante e pronto. Muita gente nem percebe que essa prática criminosa empana o dia a dia de qualquer um. Já, a proibição do consumo de maconha afeta em cheio a vida do usuário." Quando ele é pego com o fumo, leva um esculacho do policial e assina um termo circunstanciado", afirma ele.
   O risco de ir parar na delegacia por causa de um baseado levou usuários e simpatizantes da legalização da terceira droga mais consumida do mundo a promover marchas em diversas ruas do planeta. No Brasil, os militantes dessa causa ganharam terreno com o ante-projeto de descriminalização do uso de drogas - o primeiro passo para se discutir mesmo essa questão no país - para desgosto de parte da sociedade, que se empenha em vetá-lo porque ainda aposta na política de tolerância zero para conter e  desestimular o uso dessa e de outras substâncias ilícitas.
   Enquanto o pessoal da marcha da maconha saboreia essa pequena vitória, os combatentes da corrupção tem amargado uma derrota atrás da outra desde que puxaram a primeira marcha em São Paulo. Vale ressaltar que, com a constitucionalidade da lei Ficha Limpa, alguns se deram tantos tapinhas nas costas na rede que pareciam ter mobilizado meia São Paulo em prol dessa conquista, mas sensibilizaram, no máximo, alguns vagões de metro na hora do rusch. A última marcha, então, perdeu de lavada para à da maconha, que contou com mais que o dobro de participantes.
  " O que acontece é que o manifestante é um fraco viciado em cidadania. Já o maconheiro é um ferrenho defensor de sua liberdade de fumar um baseado", afirma José Parra II, do Revoltados Online e Nasruas.
    Em termos. Que o povo brasileiro está no jardim de infância em disciplina de cidadania são favas contadas. O fato, porém, não é suficiente para explicar o fenômeno de usuários de maconha e zeladores dos direitos individuais darem bem mais ibope que o exército anticorrupção.
   A advogada Ana Correa Correa da Rocha, do Uberabão, não se faz de rogada e arrisca um palpite: " acho que a união do pessoal pró-maconha, bem como o seu ideal, são mais sólidos em função até mesmo dos muitos anos de liberdade suprimida", e prossegue, " Agora, as marchas contra a corrupção tem uma concepção moralista, pouco pragmática e muitos integrantes do movimento cibernético tem um ego maior do que à causa".
   De fato. A turminha que comanda os grupos virtuais de São Paulo, com raras e honrosas exceções, cometeu a proeza de converter a luta contra à corrupção em uma mera coadjuvante do espetáculo de cidadania que armaram para ganhar um pouco de destaque na cena brasileira. E, de quebra, colher benefícios, que apenas à Divina Providência sabe ao certo.
   As lideranças, por exemplo, agem como qualquer candidato a celebridade instantânea para conquistar os seus 15 minutos de fama. Ao avistarem um jornalista em uma manifestação, disputam  uma corrida atrás do pobre. O vencedor, segundo o estudante Renato Felisoni Jr., do Mudanças Já, trata de mantê-lo fora do alcance dos companheiros de luta, e aproveita para atribuir a si mesmo e ao grupo a que pertence à organização do evento, omitindo que ele resultou de um esforço coletivo. Não bastasse,vira e mexe, boicotam iniciativas alheias. " Se não topam participar de um protesto, deletam o post de divulgação em sua página no facebook", finaliza Renato.
    Não se imagine que integrantes do movimento cibernético deem apenas pernadas uns nos outros para atrair os holofotes. Eles mostraram, ao longo de meses, que não são tão apartidários como propagam por ai, torcem o nariz para a democracia e fogem de uma boa briga de ideias. Trocam o livre debate pela censura, driblam opiniões incômodas com ironias e ataques pessoais e até expulsam de seus grupos os mais inconvenientes, que se atrevem discordar ou questionar decisões. Na matéria,aliás, o Nasruas, em especial, e Revoltados Online são imbatíveis.
    O que não falta são histórias de ex-membros que foram vítimas desse punhado de práticas antidemocráticas do grupo Nasruas. Denúncias, naturalmente, contestadas por Carla Zambelli, a criadora de o grupo,  que, a julgar pelo seu discurso, também tem o dom de cair no conto do vigário. Marcello Reis, de o Revoltados, prefere calar a boca, poupando os ouvidos mais sensíveis.
    Mais ainda, como adverte Jim Tak,  do Nova Política: " Muitos grupos que estão na marcha são políticos-partidários e miram tanto essas eleições como as de 2014", e prossegue o administrador de políticas públicas " a gente não sabe se esses militantes são contra a corrupção ou contra os outros grupos.
   O enigma, no entanto, é facilmente decifrado por Leandro de Santos Souza, candidato a vereador pelo PSOL, que navega em dezenas de grupos anticorrupção do espaço virtual: " Todos tem o intuíto de acabar com a corrupção e estão abertos ao diálogo desde que o assunto não vá de encontro à ideologia de seus administradores e pseudo-líderes", afirma.  Em compensação, segundo Jim, o pessoal que luta pela descriminalização da maconha também luta pela liberdade de expressão e de um modo diferenciado. " Eles tem, simplesmente, uma organização molecular e autônoma", diz, e finaliza" Acho maravilhoso que isso esteja acontecendo"
   Essa onda de inovação, no entanto, pouco respinga no movimento de combate à corrupção de São Paulo. Os adversários são vistos e tratados como arqui-inimigos de histórias em quadrinhos.
    Que o diga Renato Felisoni Jr., - um moleque marrento, idealista,criativo e de espírito combativo, de 20 anos - que virou  alvo de uma campanha surreal dos Revoltados Online e outras lideranças, que tem feito até o que Deus duvida para transformá-lo em um baderneiro, desde o dia em que ele pisou nos calos de uns e outros.
   O que, aliás, chega ser compreensível. Quem mandou o marrento apontar o dedo para integrantes do revoltados online, com o dobro do tamanho dele, e obrigá-los a tirar camisetas que estampavam o nome de seu próprio partido político durante a última marcha promovida pelo movimento? Quem o autorizou falar uns impropérios ao ser repreendido pela polícia por ter ultrapassado, sem querer, o limite das faixas da via destinadas aos manifestantes? E, ainda por cima, ousar sentar-se na avenida em meio a uma aglomeração de cerca de 40 rapazes e moças que resistiu acatar às ordens de queimar chão de um batalhão para desobstruir o tráfego?  
   É justamente por esse movimento reunir, no mesmo balaio, gente com interesses, princípios e visões de mundo tão distintas que o racha, na verdade, não passava de uma espécie de crônica anunciada.
   Mesmo aqueles que, em tese, tem mais afinidades que arestas para aparar entre si entraram em rota de colisão. Tanto é que a representante oficial do Nova Politica, Rose Russolo Losacco, caiu fora da organização do evento por, pasmem, discordar da decisão de divulgar o protesto, com uma certa antecedência, no facebook, segundo Felizonsi Jr.
    Como se vê, não é á toa que as manifestações anticorrupção beiram ao fiasco em São Paulo. E, ao que tudo indica, só mesmo Santo Expedito poderá operar um milagre e livrar Dia do Basta e o Nasruas em parceria com Revoltados Online e agregados do vexame de reunir uns míseros 100, 200 gatos pingados em suas marchas no dia 7 de setembro - a presença de manifestantes adicionais irá se dever a outras iniciativas.
   Agora, o protesto, de amanhã, dos grupos Mudanças, Quero o Fim da Corrupção, Queremos Ética e Nova Política, a meu ver, não vai parar à Paulista, mas tem chances de fazer, pelo menos,  boa figura na avenida. Graças, em especial, ao marrento do Renato, que, à essas alturas, deve estar catando manifestante à unha.
    Boa sorte, meninada. Na próxima, deem um pé na velharada cheia de razão e invistam no charme da juventude, como disse, nas entrelinhas, Henrique Peer. É ela, afinal, que tem promovido as grandes revoluções ao longo da história. O resto é blábláblá pra inglês ver!

Obs:  Não sei o motivo de ter um espaço tão grande entre o final do post e o link comentários. Mas, enfim, se você quiser fazer algum comentário, basta rolar essa página e logo irá encontrar o link.

























3 comentários:

  1. O Movimento Brasil Contra a Corrupção MBCC, já passou por tudo isso aí também, a diferença que realmente somos apartidários e levamos em 3 marchas mais de 60 mil pessoas para as ruas de Brasília, e dia 7 de setembro de 2012 tem a quarta edição da Marcha que realizamos, e não ocorreu nenhum incidente! a não ser as vaias do povo para os militantes do PSOL que insiste em levar bandeiras de partido para uma marcha apartidária!

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Giderclay, eu até sabia que o MBCC tinha enfrentado alguns desses problemas em função, basicamente, da conduta de um ou outro integrante - ou ex. Mas pensei que o imbróglio ai fosse mais suave. Desconhecia, por exemplo, e pelo que entendi, que o grupo tivesse adotado práticas antidemocráticas para dar um cala boca nos inconvenientes. Aqui, na minha opinião, o excesso de vaidade, o oportunismo, a rigidez, o apartidarismo que, com raras e honrosas exceções, não passa de um engodo e o envolvimento de alguns com um político, em especial, são responsáveis pelo fiasco das manifestações. Vou falar mais sobre isso em posts posteriores. Obrigada, bjs, Eloisa.

      Excluir
  2. Gostei bastante de suas ideias ainda mais quando você diz que eles vivem em pé de guerra.
    Hoje fui no movimento do dia 7 de setembro e vou sempre, pois gosto de ver que existe pessoas que pensam como eu, não vou pela birra que existe entre os movimentos.
    E eu digo, por experiência própria, isso desistimula qualquer pessoa que queira participar de algum movimento para tentar mudar alguma coisa, a imagem que passa é que eles se esquecem para O QUE lutam e fica uma briga de poderes, de quem é melhor que o outro.
    Vi pessoas com opinioes contrárias aos movimentos, comentar, eu comecei a opiniar e o post foi apagado, para mim quem cala consente.
    Depois de ver toda essa briga, decidi lutar por minha conta, porque em movimentos só me desanima e me deixa mais longe do meu objetivo, lutar por um país melhor!

    ResponderExcluir